Livro 'LP todo dia' alinha memórias de um colecionador de discos em diário fonográfico com 365 resenhas íntimas
Capa da edição em LP do álbum 'Chico Buarque & Maria Bethânia ao vivo' (1975), um dos discos abordados por Leandro Menezes no livro 'LP todo dia – Diário...
Capa da edição em LP do álbum 'Chico Buarque & Maria Bethânia ao vivo' (1975), um dos discos abordados por Leandro Menezes no livro 'LP todo dia – Diário de um colecionador para colecionadores' Divulgação ♫ OPINIÃO SOBRE LIVRO Título: LP todo dia – Diário de um colecionador para colecionadores Autor: Leandro Menezes Cotação: ★ ★ ★ 1/2 ♬ Quando materializados em LPs ou CDs, discos atiçam memórias afetivas de quem os ouviu, trazendo à tona emoções relativas ao momento da vida do ouvinte na época da compra e ao próprio disco em si. Escritor e professor, o goiano Leandro Menezes registra memórias em resenhas publicadas no perfil LP todo dia do Instagram. Recém-lançado pela editora Garota FM Books, o livro LP todo dia – Diário de um colecionador para colecionadores é desdobramento do conteúdo da rede social do autor. Organizado como uma agenda anual, o livro alinha 365 resenhas de discos. Um disco para cada dia do ano – daí o título. Neste diário fonográfico, de leitura fácil e agradável, Menezes descortina emoções da vida pessoal ao comentar os discos. Umas resenhas são bem superficiais e roçam a insignificância, caso do texto sobre o álbum Chico Buarque & Maria Bethânia ao vivo (1975), o LP de 19 de junho. Em outras, o autor consegue dar conta de resumir o espírito do disco em três ou quatro parágrafos, como nos elucidativos textos sobre Tribunal do Feicibuqui – EP (a rigor, um single triplo) lançado por Tom Zé em 2013, e não em 2014, como credita erroneamente o livro – e Disco voador (1987), álbum de Arnaldo Baptista. Disco voador é o LP do dia 6 de julho porque foi nesse dia que nasceu o mutante paulistano Arnaldo. Sim, em boa parte das resenhas, Leandro Menezes alinha o dia do LP na agenda fonográfica com a data do aniversário do artista. É por isso, para citar outro exemplo, que o álbum Gerson King Combo (1977) é o LP do dia de 30 de novembro. Há textos, como o do álbum Vontade (1993), de Paulinho Moska, em que o autor discorre mais sobre as impressões que tem do artista do que sobre o álbum em si. Contudo, no geral, Leandro Menezes exerce bem o poder de síntese quando contextualiza (bem) álbuns como Velô (1984) e In utero (1993), discos de Caetano Veloso e Nirvana, respectivamente. O essencial está dito lá, em poucas linhas. Cabe ressaltar que, em algumas resenhas, como a de Rosa (2024), primeiro álbum solo de Samuel Rosa, a correlação do disco com a vida pessoal do autor é feita com naturalidade. Em alguns textos, como o dedicado à coletânea O melhor de Sérgio Reis (1982), prevalecem as reflexões mais pessoais, afinadas com o tom íntimo de um livro escrito como um diário. Enfim, LP todo dia é livro indicado para colecionadores de discos, esses seres em extinção na era digital. Somente eles entenderão quanto sentimento pode trazer a audição de um álbum enquanto se manuseia a capa do LP que embala esse disco carregado das histórias e vivências de cada colecionador. Essas emoções são a matéria-prima do diário fonográfico de Leandro Menezes. Capa do livro ‘LP todo dia – Diário de um colecionador para colecionadores’, de Leandro Menezes Divulgação